VULNERÁVEL

Eu não nasci assim, nem cresci assim

Como uma "Gabriela, Cravo e Canela",

Talvez uma "metamorfose ambulante",

Construindo-me através dos anos,

Nasci diferente e cresci mudando.

Pulando de galho em galho,

Por caminhos, por atalhos

Me tornando no que sou

E talvez não o serei amanhã.

Da viola ainda sou fã,

Ontem da viola caipira,

Das modinhas, dos catiras...

Hoje dos ventos passageiros,

Dos universitários violeiros.

Já curti a velha guarda,

Já curti a bossa nova,

Me mudei pra jovem guarda

No balanço das discotecas,

Titubiando entre o lari-larai e o iê-iê-iê

E hoje sou, funkeiro, forrozeiro e baladeiro.

Nesta minha formação

De caipira de pés no chão

Não tive acesso aos clássicos,

Mas curto MPB.

E assim como se vê,

Sem um gosto refinado

Curto happy, curto funk,

Curto popy, curto brega.

E creio que nem só o Gabriel,

Mas todos os happers pensam

Não sei se com a rapidez

E maestria poética do quengo do repentista

Mas todos grandes artistas por mim admirados.

E eu que já fui um pouco

"Um louco que discorda do computador",

Mesmo não concordando em tudo

Troquei o cabo da enxada

Pelo teclado de um,

Viajo no MSN, face, blogger e twitter.

Assim sou esse "caniço agitado pelo vento",

Mas espero que minha fé continue uma chama acesa

E que nunca se apague.

Como vida é arte e arte é vida,

Vida é arte e é dinâmica,

Louvo o modismo, as mudanças,

Mas ainda trago bem vivos,

Na memória, nas lembranças,

Minhas origens caipiras,

Raízes, fios, cabelos brancos

E assim para ser franco,

Sou o que sou...

O que serei, só Deus sabe,

Vulnerável seguirei...

Até o fim da estrada.

CEZARIO PARDO
Enviado por CEZARIO PARDO em 08/03/2012
Código do texto: T3542182