A moça sonhadora e a antimatéria

No coração daquela moça comum

pulsava alguma misteriosa antimatéria.

Sonhava como todas as moças de sua época

Mas o pai bradava, a mãe sondava em vigília.

Ela não queria casar, ainda que houvesse paixão.

Não queria ser mãe, mas geraria filhos e filhas.

Não queria ser senhora do lar,

porém desejava respeito ao seu canto.

Não aspirava ser santa,

entretanto sentia em si o sagrado.

Seus sonhos eram, muitos diriam, diferentes em demasia.

Eram sonhos de liberdade e de beleza para todos.

Mas como assim, ela não queria ser fada ou princesa?

Ela foi muitas outras moças, muitas outras mulheres.

Seus quadros estão nas galerias, seus livros nas cabeceiras.

Seus discursos inflamaram outras moças, outras mulheres.

Aquela moça espelhava nos olhos alguma antimatéria

perigosa que a monotonia das coisas não subverteria.

No seu sonho sem dogmas, o amor, o abraço, o sorriso

e o aperto de mão seriam sempre profundos.

O coração daquela moça podia mover o mundo,

pois no seu sonho alguma antimatéria

bela e livre em todos nascia.

Gilberto Ricardi
Enviado por Gilberto Ricardi em 08/03/2012
Reeditado em 17/10/2012
Código do texto: T3541885
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