Porta de Ouro

Euna Britto de Oliveira

www.euna.com.br

Podia estar aqui o meu caderninho assanhado, oferecido

E indisponível para terceiros...

Falta-me papel.

Escrevo porque aproveito a capa de um talão de cheques em extinção, marron-dourado...

Duras penas para quem tem pena de quem não tem penas...

Não poder voar não é atraso de vida, é herança.

O lava-jato é o salão de beleza do carro.

Lava, lustra, perfuma-o!

Parece que vai chover!

Nuvens paradas, cinzentas, tornam o ar pesado.

O céu vai chorar sem trovões e sem relâmpagos,

Suas águas de março...

Sou muito sensível ao tempo, também fico pesada.

A falta de alternativa elimina qualquer dúvida na hora da escolha.

Não havendo o que escolher, é isso mesmo!

Pesados demais, grilhões invisíveis prendem muitas pessoas a seus pares...

Outras se prendem por elos de amorosa luz!...

Podia ser de ouro a porta da minha casa.

Não sei porquê, mas podia...

Já ouvi falar em cidade com ruas de ouro e pedras preciosas...

Eu só queria a porta!

Das guerras que acontecem no mundo agora, estou fora.

Depois de errar e sofrer até não poder mais,

A alma emerge do fundo do poço!

Espera-se que emerja!

Minha paz é pouca.

Espremo umas gotas sobre os que amo,

Sereno...

Mundo severo.

Tento doar serenidade...

Euna Britto de Oliveira
Enviado por Euna Britto de Oliveira em 08/03/2012
Código do texto: T3541551