Folha em Branco
Papel liso,
viso preencher-te
com toda a dor
e verdade
inexistentes,
há somente abstrações
de mim em ti.
Papel alvo,
salvo-me é em ti,
assim,
vazio.
Papel que é devir
do texto ou poema
que há de vir
da mente insana
a brincar de criar dramas,
amores e vontades.
Papel vazio,
sóbria desilusão,
uma desconstrução
de teorias construídas,
mentiras verdadeiras.
Papel meu,
mal escrito e atuado,
autorizado a repetir
devaneios,
brinquedos meus
no seio aberto
de um papel vazio.
Papel que preencho
com letras e sinais
da vida que há
fora do papel.
Papel que sem as letras
que codificam a vida,
seria sempre
vazio.