Folha em Branco

Papel liso,

viso preencher-te

com toda a dor

e verdade

inexistentes,

há somente abstrações

de mim em ti.

Papel alvo,

salvo-me é em ti,

assim,

vazio.

Papel que é devir

do texto ou poema

que há de vir

da mente insana

a brincar de criar dramas,

amores e vontades.

Papel vazio,

sóbria desilusão,

uma desconstrução

de teorias construídas,

mentiras verdadeiras.

Papel meu,

mal escrito e atuado,

autorizado a repetir

devaneios,

brinquedos meus

no seio aberto

de um papel vazio.

Papel que preencho

com letras e sinais

da vida que há

fora do papel.

Papel que sem as letras

que codificam a vida,

seria sempre

vazio.

Baco Diphues
Enviado por Baco Diphues em 06/03/2012
Reeditado em 06/03/2012
Código do texto: T3538258