Grano salis

Quando vieres da argila

e te puseres a vagar no mundo

em eterna fuga

olhos fechados

pelo níveo medo

coberto com os véus do silêncio

que se arroja em teu peito

véus que perpassam

o poente e a estrela

ecoando estranhos sons vazios

ouve a voz que te feriu

Semeia teu campo de

Amor

Sonho

Liberdade

e o infinito de tudo o mais

que pressentistes

O que procuras fora de ti

ó, homem?

se os passos do teu irmão

se as flores

as águas

os pássaros

os jardins repletos de luz

o céu

as estrelas

tua morte

são como tua Alma os vê

Contempla a vida

os enigmas e seus fantoches

encobertos pelo destino

embriagado

em esplêndidos vaticínios

Pousa teus olhos encarcerados

na fronte esguia do sol

que volteia as sombras do dia

e, junto com ele, arranca o vermelho

às baionetas e aos báculos

e faz de ti

a forja de um novo amor

que soa, ardente,

como o crepitar mudo

da Noite desnuda

sobre o peito da manhã