Póstumo

Não, por favor, não façam isso

Não quero lágrimas por mim.

E onde está a catedral gótica?

Tanto, tanto eu pedi.

Sempre quis fazer sorrir

Agora, parem de chorar

Seu choro ensurdece meus ouvidos

E seus lamentos, ferem agudo meu peito.

Peço, toquem minha mão gelada

Que desde o dia natalício foi gelada

E nesses rigorosos invernos fui gelada,

Por que só agora se surpreendem?

Peguem minha mão,

Façam-me esse gesto cálido

E não neguem-me bela campa

Que preciso descansar em paz.

A vida apenas é uma etapa

Da infinita jornada da alma.

Agora quero ver meus queridos

Como em breve verei vocês.

Despeço-me sem dor nem pranto

Pois, enfim sei o que levei a vida pra entender;

A morte é uma simples passagem

Necessária para a evolução.

A vocês devo pedir,

Amem, sem pudores nem dúvidas

Não deixem que desamores e rusgas

Ofusquem o brilho do ser.

E a você, grande razão de minha existência

A você digo à parte, a você digo apenas:

Na vida, momentos lindos vivi

Mas das coisas boas que senti

Conhecer-te, foi meu melhor momento.

Saiba querido que foi amado,

Foi amado como também amou.

E meu amor de tão puro,

Como esse semi-esboçado sorriso, não se apagou.

Saiba que te desejei mais puramente que o fino cristal

E na orvalhada manhã fria,

Em que fracos raios de sol buscarem secar a relva

E essa lágrima em seu rosto

Eu estarei através do vento,

Nos lugares belos, você me sentirá,

Serei o pássaro do vôo rasante

A brisa fresca a lhe beijar.

E te seguirei infinitamente, até vires me encontrar.

Na madrugada silenciosa,

Serei o doce sonho a te despertar.

Então acorde, e não chore copiosamente

Levante e veja minha imagem no espelho,

não se assuste, nem te inquietes

Apenas durma

E espere o dia em que pra eternidade irei te amar.

Declame meu querido,

Essa ultima vontade.

Lyah Turek
Enviado por Lyah Turek em 20/01/2007
Reeditado em 14/06/2009
Código do texto: T353368