Ah, hoje não!
Hoje não farei sonetos,
rasgarei o verbo!
cansada de rimas e estrofes,
apóstrofes, versos tão corretos...
Gritarei as sílabas!
E quem quiser, que as escute,
os ouvidos ocos que se mudem,
quem não as deguste, que se cale!
apaguem as luzes se quiserem,
apertem as trancas,
mas minhas palavras
soltarei pra que aprendam a voar!
não lhe cortarei as asas,
hoje não estou a fim de me fechar,
esconder-me, me calar
Ah, tudo tão pragmático, estático,
no fundo é só métrica e vaidade,
aspirando a fumaça dos preconceitos,
alheios as suas próprias verdades!