Encanto

Semeia no encanto da gente
O orvalho retinto na brasa
Sê estrelas, mas não sê cadente
Fluida em brandura extravasa

Trepida nas veias tal cheia
Na carne, em pele, de brisa
Inflama mas nunca incendeia
Sê unha na mão que te alisa

Cavouca, esmiúça, vai fundo
Enterra teus olhos em mim
Adentra ao meu submundo
Faz do meu deserto, jardim

Loucura sóbria em devaneio
Sê alada, matreira pantera
Nas terras que me vou arado

Sou presa do teu galanteio
Desejo aqui minha fera
Salivo, quieto e calado