A Reclusa
Um sonho de Guimarães Rosa
Riobaldo a curtir passarinhos
De Grande Sertão a prosa
Onde a aventura, a liberdade, os carinhos?
Noite tão bela
Dizem que não há ferrolhos
De 60 a donzela
Tem que pregar o olho...
Vontade de passar a madrugada
A curtir o amanhecer na Praça
Medo de ser assaltada
E que me aconteça alguma desgraça...
“Qualquer paixão a diverte”,
Sempre disseram de mim.
Mas não gosto de ficar inerte
Em prisão solitária assim.
Às estrelas eu prefiro as pessoas
Mesmo bêbadas e sem dentes
Gente de todo tipo, gente à toa
Personagens de circos mambembes.
Só não saio porque estou com medo
De um tipo de apelido Índio
Ameacei bater nele ontem cedo
E é cheirador de crack o individuo.
Sem marido, sem compromisso,
Sagitário, signo da liberdade
Porém pareço freira de hospício,
Trancada pela violência do País e da cidade.
Deu dez horas trate de se recolher
Encontros só com hora marcada,
Como, tal qual na prisão ser mulher
Sem a surpresa da inesperada chegada.
O filme foi Belle de Jour, sempre será
Por isso nunca foi fiel em pensamento
Gosta de viver ao Deus dará
Mas sempre foi tão "livre" como um jumento.