A Reclusa

Um sonho de Guimarães Rosa

Riobaldo a curtir passarinhos

De Grande Sertão a prosa

Onde a aventura, a liberdade, os carinhos?

Noite tão bela

Dizem que não há ferrolhos

De 60 a donzela

Tem que pregar o olho...

Vontade de passar a madrugada

A curtir o amanhecer na Praça

Medo de ser assaltada

E que me aconteça alguma desgraça...

“Qualquer paixão a diverte”,

Sempre disseram de mim.

Mas não gosto de ficar inerte

Em prisão solitária assim.

Às estrelas eu prefiro as pessoas

Mesmo bêbadas e sem dentes

Gente de todo tipo, gente à toa

Personagens de circos mambembes.

Só não saio porque estou com medo

De um tipo de apelido Índio

Ameacei bater nele ontem cedo

E é cheirador de crack o individuo.

Sem marido, sem compromisso,

Sagitário, signo da liberdade

Porém pareço freira de hospício,

Trancada pela violência do País e da cidade.

Deu dez horas trate de se recolher

Encontros só com hora marcada,

Como, tal qual na prisão ser mulher

Sem a surpresa da inesperada chegada.

O filme foi Belle de Jour, sempre será

Por isso nunca foi fiel em pensamento

Gosta de viver ao Deus dará

Mas sempre foi tão "livre" como um jumento.

luciana vettorazzo cappelli
Enviado por luciana vettorazzo cappelli em 29/02/2012
Reeditado em 01/03/2012
Código do texto: T3528205