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 Casulo da palavra
 
 
Palavra fechada no casulo da alma.
Como bicho da seda tecendo fios dourados.
Trabalha sem cessar.
Na noite profunda sonha.
Escondida, aguarda seu tempo.
Na hora certeira amadurece.
Silenciosa e calma.
Com a força do pensamento,
Abre sua provisória morada.
Vagarosa sai informe.
Úmida e gelada,
Na madrugada de um dia qualquer.
Aguarda o sol chegar.
Um raio luzente a aquece,
Revigora sua carne machucada.
Distende as asas lentamente,
Voa para experimentar a vida!
Agora linda e colorida borboleta.
Não é efêmera...
Logo ela volta e docemente pousa
Na perfumada flor branca do papel.
Que acolhedor está à sua espera.
A Indelével Palavra do poeta.
 


Angustia
 
Não sei de onde vem tanta tristeza
Que sem motivo aperta o coração.
Será lembrança de lágrimas escondidas
Desta inútil talvez fútil razão.
 
Será o tempo que passou perdido
Esperando um amor que não voltou.
Quem sabe, a procura envelhecida,
Não deu vazão para encontrar alguém.
 
De onde virá então tanta ansiedade,
Se o coração a tempo está em repouso?
Querendo doar somente ao semelhante
Amor fraterno, refletindo paz.
Inquieto agora insurge e quer gritar?
 
Encontrar a resposta certa
Para a alma tão dilacerada.
Será culpada a nuvem que desaba
Suas gotas pesadas de repente...
Até voltar um raio de sol que beija
A solidão que gorjeia
Como pássaro fechado na gaiola.
 
* * * 
UBT
Enviado por UBT em 29/02/2012
Reeditado em 08/03/2012
Código do texto: T3527526
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