Olhos virgens
Já tive esses olhos virgens
Os pés dançantes à orla do abismo
A sede de sonhos e ilusões
O prazer de amar por trair
A indomável febre pelo além
Fui a sombra das vielas
A alegria tola e sem sentido
A aflição de um beijo
O amante leal da noite
Sangrei poesias e versos
Queimei as praças
Dissipei verões e primaveras
Inebriei vertigens e vinhos
Tive o sabor da ressaca em uma boca
Escrevi canções para o esmo
Dialoguei com prostitutas e poetas
Vilipendiei paixões
Cuspi nos riscos da loucura
Cortei lábios de amor
Já tive os olhos virgens
Não os tenho mais
Não mais – nunca mais
Onde os deixei perder?