Olhos virgens

Já tive esses olhos virgens

Os pés dançantes à orla do abismo

A sede de sonhos e ilusões

O prazer de amar por trair

A indomável febre pelo além

Fui a sombra das vielas

A alegria tola e sem sentido

A aflição de um beijo

O amante leal da noite

Sangrei poesias e versos

Queimei as praças

Dissipei verões e primaveras

Inebriei vertigens e vinhos

Tive o sabor da ressaca em uma boca

Escrevi canções para o esmo

Dialoguei com prostitutas e poetas

Vilipendiei paixões

Cuspi nos riscos da loucura

Cortei lábios de amor

Já tive os olhos virgens

Não os tenho mais

Não mais – nunca mais

Onde os deixei perder?

Diego Martins
Enviado por Diego Martins em 29/02/2012
Código do texto: T3526974
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.