Quase perdão
Não te falei do tempo
do bem querer,
mas de madrugadas plenas, estéreis
de futuro
e planos;
e te falei da alegria, um dado abstrato demais...
e claro!
Eu te disse do rumo da estrada,
da lua
sobre a estrada,
da suavidade das curvas, e do abismo transmudado
em ponte...
Só não te expliquei da fruta roubada, colhida ao pé
do caminho.
E não fechei a porta!
Não!
Nem deixei que escutasses atrás da porta,
sob o arco
de onde pende a esperança, ou
que espiasses pela fresta
da alma,
mas te permiti abdicares de tuas muletas!...
Resguardei-te de factibilidades.
Mantive-te a par das racionais consequências
e dos meros porquês.
Eu te lembrei do riacho de sonhos caudalosos
e guardei-te
à margem!
Fortaleza-CE, 16.01.2007