Verbum
Onde elas estão?
Houve ocasiões em que saltaram dos meus lábios.
Vivi tempos em que só às ouvia.
Também às busquei num dicionário.
Antes um velho dicionário,
Agora num teclado e uma tela acesa.
Às vezes às reconheço no silêncio.
Ficam saltitando em minha mente.
Meus pensamentos...
Nem sempre querem ser meus...
- Falo ou me calo?
Se optar por falar, deixam de ser meus.
E se calo são meus...
Mas nem sempre faço escolhas certas,
Pois me ensinaram que nem tudo deve ser dito.
Alguns ensinamentos são egocêntricos.
Suponho fazer mal ao coração.
Então, por vezes desobedeço ao que aprendi.
Mas elas realmente se escondem.
E o ditado diz:
- Quem procura acha!
Quando penso que sumiram,
Elas tomam forma
E se apoderam de meus lábios e minhas mãos.
Li de um poeta que se por um instante
O ofício de dizer me fosse vetado,
Poderia Deus, quem sabe, me levar.
Quando misticamente penso que me faltam,
Vejo quão contraditório se torna.
De repente as encontro e faço-as juntar-se a certo sentido.
Livros me auxiliam,
Músicas me despertam,
E flores exalam perfumes.
Minhas mãos podem senti-la,
E minha boca degustá-la.
Tudo traz a tona o que aqui busquei.
Ela está presente nos cinco sentidos.
Aos privados de algum,
Ela se sobressai de outro modo.
Assim são as palavras.
Seria uma mera semelhança?
Ou seria a própria imagem da semelhança?
De fato a palavra se fez carne
E se faz presente...
Mesmo quando não vejo...
Mesmo quando não a ouço,
Ela está presente.
Sua personificação também.
Aqui está o manifesto do que busquei...
O manifesto do que provoquei...
Eis a resposta...