[O Sono da Vida]

Tardiamente [será?], desperto,

eis-me no mundo de agora,

e de olhos abertos para tudo...

Uma claridade absurda ilumina agora

todas aquelas possiblidades de amar

que eu não deveria ter perdido, e perdi!

Mas, a vida é agora, o antes foi um sono só,

um longo sono daquela outra vida desvivida

em desistências, em sufocamentos de mim...

Se tenho vontade, então faço:

tenho a nítida clareza da fuga do instante,

e agora, muito mais que antes,

o meu desejo apossa-se -me do meu corpo!

Experimento a liberdade inútil

daqueles que sentem a condenação,

porém, desprezam, desdenham

da extinção do corpo, do ser.

Saboreio a comida como se fosse

a última refeição de um condenado.

[Desterro, 14 de dezembro de 1998]

--- Variante de 27 fev 2012 ---

Carlos Rodolfo Stopa
Enviado por Carlos Rodolfo Stopa em 27/02/2012
Reeditado em 27/03/2012
Código do texto: T3522792
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