A LUZ NO HORIZONTE

Está gasta a luz do horizonte,

longe, lá onde se apaga a memória,

nem há sentido que conte,

o apregoar da sua propria história...

Num inferno que há no céu,

efeito de luz sobre a humanidade,

sombra fina que faz de véu,

dentro do dia-dia da verdade...

Como mil noites ou mil dias,

que rasgam as entranhas da solidão,

infantilizam as suas manias,

guardando as pedras do chão...

Dourados ao acaso,

sobre as pedras já sebentas,

como a vida tem um prazo,

no ser, já não aguentas...

Vazia a cega humanidade,

vai vivendo sem horizonte,

porque a cabeça já não levanta,

nem há boca que o conte...

Onde está a história?...

A que deixou de existir,

porque a vida sem glória,

é como viver sem sentir...

Quando a linha do horizonte,

está apenas à distância do olhar,

com a humanidade sem nada para dar,

mas com tudo no pensamento....

Nuno Godinho

23-2-2012