DESABAFO AO QUEIJO MINAS
Se acha meu verso triste,
não sabe nada de mim,
meu versejar só existe,
pois não retrata meu ser,
escrevo e não me transcrevo,
nem deixo em alto relevo
o meu jeito de viver.
Falo de anjos sem asas
revoando sobre as casas,
da lua cheia brilhante
colada no céu cinzento,
de coisas que às vezes sonho,
de outras tantas que invento.
na minha lida de artista,
sou pensador, trapezista,
expressando o sentimento.
Meu versejar é do povo,
seja de velho ou de novo
canto a voz do meu país.
Às vezes sou indigesto,
mas abraço meu protesto,
e sempre me manifesto
em prol dessa minha gente,
pessoas boas, gentis,
que não se acomodam e lutam
e não morrerão servis.
Eu canto a vez desse povo,
que com a voz sufocada
só quer ver a pátria amada
sendo amada de verdade,
por isso gritam eloquentes,
que um país é sua gente,
presente, passado e futuro,
sou poeta renitente,
que nem alegre nem triste,
não se aquieta sobre o muro.
Saulo Campos - Itabira MG