MEU ÚLTIMO VOO
MEU ÚLTIMO VOO
Flocos de algodão pairando no espaço
Sendo engolidos pelo pássaro de aço
Num voo de céu nublado
E com uma mulher a meu lado
Não é uma agradável sensação
O trepidar sentido no interior do avião
Ainda mais com o vomitar
Da mulher que parece, nunca vai acabar
E continua a trepidação
Que nos enche ainda mais de preocupação
Com o recado do comandante
Que relata forte chuva mais adiante
E começam relâmpagos e raios
Iluminando os semblantes assustados
Que em verdadeiro calvário
Suplicam pelo Senhor amado
E passa uma meia hora
Com cara de umas horas
E salvo o ranger da estrutura
É um silencio de sepultura
Finalmente ouve-se o plim-plim
E a voz do capitão soa assim
Saímos ilesos da tempestade
O serviço de bordo será pela metade
A mulher ao lado
Respira com ar aliviado
E diz com a mão no coração
Comer só com o pé no chão
O pouso da aeronave é comemorado
E todos permanecem sentados
Respirando pausadamente
Como num ressuscitar prudente
Descem todos calados
Nem olham para os lados
Como se quisessem apagar
A lembrança desse voar