MEU ÚLTIMO VOO

MEU ÚLTIMO VOO

Flocos de algodão pairando no espaço

Sendo engolidos pelo pássaro de aço

Num voo de céu nublado

E com uma mulher a meu lado

Não é uma agradável sensação

O trepidar sentido no interior do avião

Ainda mais com o vomitar

Da mulher que parece, nunca vai acabar

E continua a trepidação

Que nos enche ainda mais de preocupação

Com o recado do comandante

Que relata forte chuva mais adiante

E começam relâmpagos e raios

Iluminando os semblantes assustados

Que em verdadeiro calvário

Suplicam pelo Senhor amado

E passa uma meia hora

Com cara de umas horas

E salvo o ranger da estrutura

É um silencio de sepultura

Finalmente ouve-se o plim-plim

E a voz do capitão soa assim

Saímos ilesos da tempestade

O serviço de bordo será pela metade

A mulher ao lado

Respira com ar aliviado

E diz com a mão no coração

Comer só com o pé no chão

O pouso da aeronave é comemorado

E todos permanecem sentados

Respirando pausadamente

Como num ressuscitar prudente

Descem todos calados

Nem olham para os lados

Como se quisessem apagar

A lembrança desse voar

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 26/02/2012
Código do texto: T3520681
Classificação de conteúdo: seguro