Es Carminum





Consorte imoral da caligrafia enigmática,
reticências calhordas na extensão da fala.
Falta coragem ou falta a palavra correta,
para dizer no fundo, que a poesia está morta?
Morta e enterrada sob flores aleijadas,
de um funeral deselegante e de gente afetada.
Abaixe esse dedo mínino, criatura esquerda,
quando levar a xícara aos lábios como um selvagem....
não é asim que se engole poesia ordinária...
não demonstre nojo, nem dor nem empáfia.
Lacaio de tinteiro e papel reciclado em punho:
é politicamente correto não espancar a vassalagem.
Nem massacrar os donos das rimas mais safadas.
Faça como os  os habitantes do alto do muro:
suspire profundamente, mas sem escândalo,
chore copiosamente, mas sem muito alarde.
Não ouse tocar no falo da poesia desnuda,
nem o cobice como a religiosa de úmidas saias.
Apenas permita a vermelhidão da face fingida...
incline a face para a esquerda, e sorria em pausa.
Quando não estiverem a palavras observando ,
aí, volte por instantes a ser o mesmo canalha.
Porque prostituídos pela arte do fingimento,
vivemos de quatro, esperando o próximo soneto.
E se soneto de poeta demente não tem dono,
vamos violá-lo como a uma cortesã sonhadora.
Depois de consumado o ato da expiação dos pecados,
santificados estamos para seguir a trilha virtuosa,
levando nos bolsos nosso odiosa verdadeira face,
que não serve pra poesia, pois é muito sem graça.
Interessa mais a umidade das virilhas excitadas,
sujas de fluidos seminais e poemas da madrugada.
EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 25/02/2012
Código do texto: T3519521
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