Cinco Estações

Morre este agosto, só de desgosto, segundo alguns.

Sobram a outros muita alegria, com gosto doce que eu queria!

Sopram os ventos, brisa aquecida, que nos conforta,

E em redemoinhos por todo lado, nos transporta.

Poeira ao ar, ordena já - fechar os olhos.

Pois poderá se avermelhar, lá nos abrolhos.

Sinais visíveis, aproxima -se a estação, tudo muda.

Fenômenos, ultimamente, transformam nosso planeta;

Divisões não se processam, não se esqueçam, como era antigamente!

Chega Setembro, vem primavera, se bem me lembro.

Que prima é esta, que de verdade, só o nome tem?

Eu pediria que me trouxesse de rosas brancas, buquês bem leves,

Pois Primas outras e outros Veros carregam mais fardos em breve.

Um ano a mais, mais um setembro que vai pesando!

Flores negadas, frutos mirrados, será que mente esta semente?

Espero chuva, que Deus a mande, a umidade está faltando,

Chega a secar nossa esperança, de ver os campos se esverdeando.

Também é assim conosco agora, participamos desta estação.

Há sempre flores pelo caminho, muita estiagem e sequidão!

Lembrar-me faz infância esquecida e vem à tona, vêm todas

Elas, tão belas, "Manhãs primaveris" da minha vida!

Vai chegando o verão e muito calor, então! Não vale dizer, agora,

Que a Vera e sua nora foram para o "piscinão" !

São tempos agoniados, o cansaço bate forte, se eu pudesse migraria,

E por certo escolheria um lugar no Pólo Norte.

Não sou como gostaria, uma ave migratória que no tempo adverso,

procura abrigo e por sorte, encontra noutra paragem, o clima que bem suporte!

Vivendo tempo abrasado, busquemos logo saídas, a cada manhã

Que surge, vamos lá que o tempo urge, a dizer: - segue hoje em frente!

Nem todo frio é gostoso, nem todo calor ruim,

Vez em quando meio termo, tem sido melhor pra mim!

Se pudesse escolher, viveria só no outono.

Que tempo ameno este agora, até que em fim pude ver,

Os frutos tão requeridos, as fruteiras carregadas,

Galhos quebrados da carga, que colheita abençoada!

O clima deu uma trégua, não sinto calor ou frio.

É tempo de se lançar, semente à beira do rio,

Será sempre bom lembrar que é um alto investimento!

Quando tudo se acabar, ainda, lá se achará abóbora, chuchu e coentro.

Para que houvesse colheita, foi preciso alguém plantar,

A terra, pródiga mãe, certamente fartará sempre o de mãos calejadas,

Cuja fé, sempre operante, o ajudou segurar o cabo da sua enxada!

Enfim, vou fechar o ciclo deste movimento imenso,

A Translação produziu até aqui, num consenso,

Três estações, mais ainda falta uma,

Querendo se apresentar, sem que a antecessora suma.

Falo do Inverno impiedoso que expõe nossa descrença,

Quantas vezes já negamos agasalhos

E alimentos na friagem muito densa!

Ainda, se bem recordo, morre gente no Brasil.

Falta solidariedade, cobertor, o amor sumiu!

O frio tem paralelos nas almas de muita gente,

Nunca pode perdoar, talvez, até nunca tente!

A alma fria se aquece perto do Sol da Justiça,

Com Jesus estando ela, mesquinhez é quebradiça!

Mas existe uma estação que não faz parte do grupo,

Falo da rodoviária, da muita poluição, do viajante o reduto.

Sempre chegando ou saindo, trazendo algo ou levando,

O movimento é frenético, do nutrido ou do esquelético.

Isto contraria o termo, passa longe de "parar".

Gosto muito do lugar, só por um pouco de tempo,

Pois ali me falta o ar, pertences a segurar, procuro logo o relento.

Tomei ônibus errado, em uma porção de vezes,

Noutros tempos era arriscado, o perigo sempre tinha,

Não pegasse o bonde certo, seria defenestrado,

Marido estava por perto! O boi estava na linha!

Esta estação continua, parada como surgiu!

Bom seria que alguém, forte, a empurrasse ligeiro por todo este Brasil.

Pouparia os viajantes que agora, melhor que antes,

Viajam sem usar ônibus, num movimento planante, não usando a rodovia!

Que imaginação a minha, ninguém acreditaria!