Digerir
Tento me equilibrar pelas ruas
Com meus neurônios ressequidos
Envolto a tantos fatos e artefatos
Quaisquer que sejam os tropeços
Não sentirei meu corpo anestesiado
Porém minha mente não mente
Minha mente é um caixa de supermercado
As mercadorias me espreitam
Ofendem-me com seus absurdos valores
Finjo que nem vi o menino ocultar um doce
Mal sabe ele o que roubava de si mesmo
Logo ali será um outro dia
E minha mente talvez vire gerente
Duro é o gerenciamento da tristeza
Talvez todos esses artefatos virem gente..
Talvez acabem as especulações no mercado mundial
O que sou? Por que não me vale nenhuma filosofia
Quero passear simplesmente
Ser mais um equilibrista no mundo embriagado
Por que se eximir da dor de tantos
E ter o meu reino do umbigo feliz
Talvez fizesse uma plástica no nariz
E não mais odiariam o meu perfil
Milhões de termos que nada definem
Ermos seguimos pelo vale que criamos
Escrevo que nem louco
O meu desgosto não é com a vida
Mas tantos não vivem
Se espalham mortos pelas bancadas
Perdoem-me quem é são
Já não há tanta sanidade no ar
Pouco menos nos drinques em questão
Mas acontece que pelas altas horas
Precisava este jovem berber um aguardente
Sentir tal água arder desde os dentes
Pra ajudar na minha auto digestão....