Digerir

Tento me equilibrar pelas ruas

Com meus neurônios ressequidos

Envolto a tantos fatos e artefatos

Quaisquer que sejam os tropeços

Não sentirei meu corpo anestesiado

Porém minha mente não mente

Minha mente é um caixa de supermercado

As mercadorias me espreitam

Ofendem-me com seus absurdos valores

Finjo que nem vi o menino ocultar um doce

Mal sabe ele o que roubava de si mesmo

Logo ali será um outro dia

E minha mente talvez vire gerente

Duro é o gerenciamento da tristeza

Talvez todos esses artefatos virem gente..

Talvez acabem as especulações no mercado mundial

O que sou? Por que não me vale nenhuma filosofia

Quero passear simplesmente

Ser mais um equilibrista no mundo embriagado

Por que se eximir da dor de tantos

E ter o meu reino do umbigo feliz

Talvez fizesse uma plástica no nariz

E não mais odiariam o meu perfil

Milhões de termos que nada definem

Ermos seguimos pelo vale que criamos

Escrevo que nem louco

O meu desgosto não é com a vida

Mas tantos não vivem

Se espalham mortos pelas bancadas

Perdoem-me quem é são

Já não há tanta sanidade no ar

Pouco menos nos drinques em questão

Mas acontece que pelas altas horas

Precisava este jovem berber um aguardente

Sentir tal água arder desde os dentes

Pra ajudar na minha auto digestão....

Lopes Neto
Enviado por Lopes Neto em 24/02/2012
Reeditado em 24/02/2012
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