MUDANÇA
Estou farto do tempo de clausura,
Das janelas fechadas para o mundo
No viver, mais viver é o que perdura.
O cansaço (esse mal) é tão profundo
Estudar, trabalhar, que contrassenso...
Mas o jovem, em mim, quer ir mais fundo.
O que faço na vida, eu me convenço,
Pela força do tempo vai-se embora,
Escondido viver, que fardo imenso.
Entre as ânsias que marcam meu agora,
A pior, a que crava como espinho,
Nenhum raio de sol ali demora.
Quando a noite me encontra aqui sozinho
E no palco da vida desce o pano,
Só, no escuro, teu rosto eu adivinho.
Se o que foi tem um gosto amargo, insano,
Minha história prepara uma surpresa;
Vou viver do outro lado do oceano.
Desta terra, a magia resta ilesa
E um vidrinho de lama, bem escura,
Levarei na bagagem com certeza
Pra lembrar-me de ti, ó criatura...
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