anonimo

Nao sou como aoutras crianças

mas nasci do ventre duma mulher

sou pertença dos diabos

sem ninguem para me acolher

fruto duma relaçao ocasional

gravidez regeitada

dum encontro acidental

resisti ao aborto

vim ao mundo directo para a lata de lixo

sou sangue de outro sangue

carne doutra carne

sou como tantos outros

me chamem o que quizerem

nao tenho registo

minha identificaçao

caducou na data de emissao

a conservatoria funciona no mercado municipal

nao espero rosas no meu velorio

espero vermes na vala comum

como cortezes

nao havera nada que anunciar

a vida nao me faz sentido

ate as moscas desistiram

das minhas abertas feridas

passarei despercebido

Albano Jone
Enviado por Albano Jone em 23/02/2012
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