anonimo
Nao sou como aoutras crianças
mas nasci do ventre duma mulher
sou pertença dos diabos
sem ninguem para me acolher
fruto duma relaçao ocasional
gravidez regeitada
dum encontro acidental
resisti ao aborto
vim ao mundo directo para a lata de lixo
sou sangue de outro sangue
carne doutra carne
sou como tantos outros
me chamem o que quizerem
nao tenho registo
minha identificaçao
caducou na data de emissao
a conservatoria funciona no mercado municipal
nao espero rosas no meu velorio
espero vermes na vala comum
como cortezes
nao havera nada que anunciar
a vida nao me faz sentido
ate as moscas desistiram
das minhas abertas feridas
passarei despercebido