CATALEPSIA

Um dia qualquer
Tudo ao meu redor ruiu
Parecendo querer se esvair
Se exibindo e se despedindo
Num rompante alucinante
Tal qual num termino de um romance
Tal qual a última noite de um amante
E eis que nesse átimo estanque
Em que tudo foi tomado das minhas mãos
Eu nada disse ou fiz, apenas chorei
E me mortifiquei até o limite de toda dor
E fui indo feito uma fumaça se dissipando no ar
Feito algo valioso sendo levado pelo vento
Como água da chuva que escoa num bueiro ligeiro
Como aquele soluço de criança que fica no rosto por birra
E dessa forma tão erroneamente transgressora e amena
Eu me vi definhando frente aos olhos do meu atroz algoz
E num lampejo do último fiapo de vida que existia no meu corpo
Eu pedi clemência, mas já era tarde e foi assim num piscar de olhos
Que já bem distante, ao longe, contemplei aquele vulto sumindo
E quando dei por mim percebi que de fato já tinha morrido
E por está há tempo longe, nem disso havia me apercebido.


Zarondy, Zaymond. Verbos, verbetes, verborragias. São Paulo: Grupo Editorial Beco dos Poetas & Escritores Ltda., 2017.
 
Zaymond Zarondy
Enviado por Zaymond Zarondy em 21/02/2012
Reeditado em 17/04/2017
Código do texto: T3510753
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