Psicose barroca





Se Deus me vê em sua distância,
me vê o diabo em sua proximidade.
Um me salvou de minha infãncia,
o outro me escondeu da verdade.

Um mergulha na noite mais densa,
quando o alcanço apenas em oração,
o outro me crava os dentes na perna,
e me obriga a dançar sem ter razão.

Um me congela em poses insanas,
no teto escuro de uma catedral,
dizendo que sou anjo, sou salvo,
e que estou livre de todo o mal.

O outro me abre as pernas da vida,
me oferece a brancura desse mal.
Me diz que o assassinato foi delírio,
de um pobre coração tão passional.

O que faço com esse corpo inerte,
tão vivo de sonhos despedaçados?
Pois morto, ainda respira minha culpa,
mantendo puros os meu pecados.

Minha camisa se amarra às costas,
com o design de um louco normal.
Então descrevo, mesmo mudo, cansado,
o golpe míope  do meu impreciso punhal.
Aquele que faz Deus sofrer, distante,
por minha liberdade sem juízo.
E faz o diabo acreditar, cativo,
que é ele quem manda em meu sorriso.







EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 20/02/2012
Código do texto: T3509935
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