A voz
A voz se fez ouvir ao som do mundo,
No mar, no céu, cantada pelo vento
Correndo ruas, quintais, corações,
Correndo em veredas sem chão,
Em estradas sem horizontes, sem margens
Como se fosse a amplidão um lugar qualquer
Onde o silêncio tenta calar a voz, mas o tempo
Não deixa, grita em desespero que quase
Já não temos mais tempo.
E a voz do mundo, que já agoniza, grita:
Está quase na hora, acordem, ACORDEM
E o mal, silencioso, serpente vil, traiçoeira
Num rosto disforme, amorfo e sem luz,
Com grandes olhos vazios de tão negros
Invade templos, santuários, zombam
Da divina semelhança e se fazem verdade.
Dura e cruel verdade, sugando vísceras e sangue,
Espirito e alma, e os dejetos ficam
Como restos de nós pendurados na memória.
SOCORRO, SOCORRO grita o mundo.
Mas quem ouve??!!
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