O CROCITO
Na tarde que se afunda
Nos derradeiros tons do sol
Todo agito aplaina-se em mim.
(Logo outro mundo me incendeia)
A ave no céu desata no seu vôo
Os nós do meu pensamento
Fincado no horizonte sedento.
(Lembranças surgem qual encantamento)
Faço juras e promessas
Para enganar a miragem
E alimentar o coração do Universo.
(Sinto na ânsia do Amor a glória da Vida)
Anseio o lento declínio
Do dia na noite da conspiração:
De elfos e fadas na poesia.
(A brisa notívaga esparge pó de estrelas)
Uma coruja misteriosa
Pousa na minha janela
E indaga o meu contentamento:
Seu crocito amansa a ávida fera que me habita.
© Jean-Pierre Barakat, 07.08.2004