O MENINO MICHAEL
País do nunca, do não
crescer, envelhecer
País do nunca, do esquecer.
O pater ardiloso, tenebroso.
País real, racista.
Resplandece a estrela
supera, impera o apartheid.
Bailados no taco, no palco,
pernas bambas das horas
do enfado.
Raça negra, da negra cor
infância promissora,
pernas bambas no acerto
dos passos.
Preconceito soa fundo no
âmago daquela infância
no estribilho solta o canto
o encanto.
Infância perdida na
busca da glória,
inglórias das lágrimas jorradas
na solidão dos aplausos.
Negra cor, sofrida dor
no contexto social no
país real sem toques nem retoques
da canção propagada.
País do nunca, refugio do passado
que pará o crescer, o envelhecer
no tempo não vivido de um novo
amanhecer, a infância nascer.