O MENINO MICHAEL

País do nunca, do não

crescer, envelhecer

País do nunca, do esquecer.

O pater ardiloso, tenebroso.

País real, racista.

Resplandece a estrela

supera, impera o apartheid.

Bailados no taco, no palco,

pernas bambas das horas

do enfado.

Raça negra, da negra cor

infância promissora,

pernas bambas no acerto

dos passos.

Preconceito soa fundo no

âmago daquela infância

no estribilho solta o canto

o encanto.

Infância perdida na

busca da glória,

inglórias das lágrimas jorradas

na solidão dos aplausos.

Negra cor, sofrida dor

no contexto social no

país real sem toques nem retoques

da canção propagada.

País do nunca, refugio do passado

que pará o crescer, o envelhecer

no tempo não vivido de um novo

amanhecer, a infância nascer.

inclemente
Enviado por inclemente em 18/02/2012
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