CAIS DA SOLIDÃO

Sempre me orvalha a retina

Assistir de alma cansada

A juventude encerrada

Numa bagagem de mão

Ali um terno batido

Junto a um lenço manchado

Esconde um rico passado

Em um misero alçapão

Não lhe pergunta os passantes

Qual será o seu roteiro

Se tem algum companheiro

De onde veio,pra onde vai

Não percebe a brevidade

Daquela vida na terra

Não vê que a velhice espera

Nosso fim em triste cais

E no abismo deste olhar

Já bafeja a tempestade

Em ondas de insanidade

Desnorteando a razão

O remeiro de seus sonhos

São os seus franzinos braços

O seu destino é o fracasso

O seu porto a solidão

O passado e o presente

Se misturam em seus atos

A família é só o retrato

Das derrotas que viveu

Despreza emoções queridas

Se julgando um vencedor

Vai renegando o amor

Qual fardo que Deus lhe deu

E assim vai tropeçando

No nada que se avoluma

Gerando as mais densas plumas

Que destroça os ideais

A sabedoria outrora

Reinante em seu ambiente

Hoje é sombra simplesmente

No suspiro de alguns ais

Desperto da letargia

Desta análise momentânea

Sentindo uma dor estranha

Dominar todo meu ser

Enquanto um ônibus transporta

O mentor de meu sismar

Pra nunca mais retornar

Eu choro pra não morrer!

GILMA LAISA
Enviado por GILMA LAISA em 17/02/2012
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