O PALHAÇO
O PALHAÇO
Por vezes
Sinto-me assim
Um palhaço
De um circo
Que não tem picadeiro
Nem vende ingresso
Sem lona, mágico
Leão, sem nenhum nexo
Mas que tenho ali
Por dever de oficio
Fazer o riso brotar
Na menina de saia rodada
No moleque com mão cheia de pipoca
Na viúva que triste veio
Se alegrar com meu improviso
E saem todos contentes
Pois sei plantar
Em um a um o sorriso
Mas depois na noite que ronda
Na luz apagada
Do meu canto de morte
Morro mais uma vez indeciso
Sem ter eu uma gargalhada a dar
Deste destino escolhido
Na razão do meu derradeiro e final
Pré-juizo...