PAIXÃO.
A paixão é dardo, nunca fardo,
que respinga nas almas feito praga,
que cutuca os poros feito varinha de condão.
Quando se inflama, decanta seus ais,
desnuda cada vértebra com calmaria infinda,
faz das cores um louco trotar sem limite,
faz das dores um rouco bocejar de bebê.
A paixão tem retas, curvas, cantos,
suas dobradiças se desfraldam antes do fim,
suas mágoas se orvalham com furor uterino,
suas vozes dizem sempre o que era pra calar.
A paixão pode ser louca, oca, barroca,
poucos sabem onde nasce ou onde quer morrer,
sempre que desabotoa o pó das penas, sorri,
sempre que amontoa as pragas que rebate sem trégua, chora.
A paixão vem de gaiata, vem de carona,
grita para os ventos feito deusa demente,
então, numa derrapada atroz desta toada,
deita na primeira rede que se deparar liberta
e. assim, só assim, voltará à vida de quem a quiser.
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