Estado do Pantanal

Naveguei em água mansa

e misteriosa num barquinho

de camalote.

O caramujo-flor,

sedutor de palavras,

era o piloteiro.

No porto, em Corumbá

avistei o velho casario.

Quase fui pra Santa Cruz.

Mas foi na Chalana que voguei

o Paraguai e Assunção

refletida feito luz.

Subimos o Paraná,

em Três Lagoas descansei

de remar na contramão.

Rios generosos, emolduram

o oceano doce,

mar imaginário Xaraés.

Netuno, na sua opulência

não herdou o Pantanal,

águas do fleumático jacaré.

Nas asas do tuiuiú pousei

na copa de um carandá.

A planície flutuei a perder de vista.

No trem que não existe mais,

balancei de Miranda à Aquidauana.

Seguindo uma comitiva,

cavalguei de Bodoquena

até Bonito.

Depois do quebra-torto,

em Ponta Porã, celebrei a amizade

sem fronteira na roda de tereré.

Subi a Serra, almoço e cesta

na fecunda Maracajú.

O por-do-sol vi em Dourados,

onde comi chipaguaçú.

Na Cidade Morena finalmente dormi.

Sonhei que cantava em festa

com o grande povo Guarani.

Gilberto Ricardi
Enviado por Gilberto Ricardi em 17/02/2012
Reeditado em 17/10/2012
Código do texto: T3504623
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