Estado do Pantanal
Naveguei em água mansa
e misteriosa num barquinho
de camalote.
O caramujo-flor,
sedutor de palavras,
era o piloteiro.
No porto, em Corumbá
avistei o velho casario.
Quase fui pra Santa Cruz.
Mas foi na Chalana que voguei
o Paraguai e Assunção
refletida feito luz.
Subimos o Paraná,
em Três Lagoas descansei
de remar na contramão.
Rios generosos, emolduram
o oceano doce,
mar imaginário Xaraés.
Netuno, na sua opulência
não herdou o Pantanal,
águas do fleumático jacaré.
Nas asas do tuiuiú pousei
na copa de um carandá.
A planície flutuei a perder de vista.
No trem que não existe mais,
balancei de Miranda à Aquidauana.
Seguindo uma comitiva,
cavalguei de Bodoquena
até Bonito.
Depois do quebra-torto,
em Ponta Porã, celebrei a amizade
sem fronteira na roda de tereré.
Subi a Serra, almoço e cesta
na fecunda Maracajú.
O por-do-sol vi em Dourados,
onde comi chipaguaçú.
Na Cidade Morena finalmente dormi.
Sonhei que cantava em festa
com o grande povo Guarani.