Inútil graça

Agradem aos poetas coisas tais e pequeninas

Como angélicas em altares anunciam matrimônio

Perfumam o colo da noiva

Encosta-se lentamente, quase um estirado suspiro,

A última luz do dia sobre a quietude das campinas

Suficiente seja o verso

Ó, trilho soberano

Não se lhe perceba o pranto

Na face a palidez dos séculos

A narrativa esculpida em altivez

Nos pés feridos o desengano

Satisfeitas comunguem as mãos

Sobre a dourada taça

Cumpra-se o milagre na cera quente

Descendo dos castiçais

Inaceitáveis lágrimas de leite

Perdão para os versos

Inútil graça

Pecadores até de pecar indignos

Nascidos na conjunção maléfica

Dos estelares signos

taniameneses
Enviado por taniameneses em 17/02/2012
Reeditado em 17/02/2012
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