Inútil graça
Agradem aos poetas coisas tais e pequeninas
Como angélicas em altares anunciam matrimônio
Perfumam o colo da noiva
Encosta-se lentamente, quase um estirado suspiro,
A última luz do dia sobre a quietude das campinas
Suficiente seja o verso
Ó, trilho soberano
Não se lhe perceba o pranto
Na face a palidez dos séculos
A narrativa esculpida em altivez
Nos pés feridos o desengano
Satisfeitas comunguem as mãos
Sobre a dourada taça
Cumpra-se o milagre na cera quente
Descendo dos castiçais
Inaceitáveis lágrimas de leite
Perdão para os versos
Inútil graça
Pecadores até de pecar indignos
Nascidos na conjunção maléfica
Dos estelares signos