Paradoxo

(17/02/2012)

Nunca lhe vi, mas sempre lhe tive

Distante dos braços

Distante dos lábios

Distante do corpo

Distante de tudo

Mas perto de mim

Nunca lhe ouvi, mas sei de você

Conheço o olhar

Conheço o sorriso

Conheço a candura

Conheço a ternura

O rosto dourado

Algo do passado

Que deixou-me entrever

Não lhe senti, mas sinto o perfume

Sinto o carinho

A doce presença

Também a ausência

O aperto no peito

Certa angústia pelo que não virá

Você me conforta, alegra, enebria

A cada contato o corpo suspira

A mente viaja

O sorriso se espalha

O peito dispara

E mesmo distante me cabe a certeza,

Ainda que nunca veja a luz do seu dia

Lançado às trevas em uma bastilha

No escuro do claustro, vazio e sem vida,

Que sinto lhe perto

Que sinto na pele o fulgor,

Que sinto lhe toda a energia

Que pelos seus olhos sua alma irradia