Allegro non troppo



A manhã se dá em meio á poeira,
e aos sulcos das rodas da caravana.
Arrasta-se a vida nas patas dos cavalos,
anima-se o coração com a lembrança achada
no perfume de uma dançarina flutuante,
não importa se argentina ou chilena.

Foi-se o tempo de seguir tão lento,
e a mesma estrada permanece, inalterada.
Às vezes o violino fala alguma coisa,
pelos dedos gastos de quem esqueceu o que guardava.
Só um sispiro, da moça que vai em frente,
só um olhar tingido de negro,
de quem irá mais longe, para além de quem aguarda.

Esse parque montado à beira da estrada,
com suas montanhas russas e lâmpadas quebradas,
com esses mágicos que irão morrer em breve,
e essas equilibristas com fome de nada,
será uma catedral submersa na poesia.
Onde os ciganos lerão minha sorte traçada,
onde, não mais habitando esse tempo,
me despedirei do que chamo: minha morada.




--------------------------------------------------------------------------------------------

To my brother Otto

EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 17/02/2012
Reeditado em 17/02/2012
Código do texto: T3503881
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.