QUANDO O TEMPO CALA, FALA.

O tempo é revestimento, é ungüento, é briguento,

faz estrepolias com a razão,

faz o lodo renascer feto,

faz o todo extirpar sua fé.

O tempo faz graça com a dor,

se embebeda com o suor que cai dos céus,

faz o medo correr assustado sem fim.

O tempo tem vértebras, tem âncoras, tem fechos,

é capaz de se esquivar dos ventos, é capaz de fugir de Deus,

se mostra mastro, se posta pasto, se cala, fala.

O tempo é algoz, é perdiz, é estuprador,

quando está pálido se encanta de luz,

quando enverga sua alma faz as fronhas virarem brasa,

quando cai em prantos faz o mundo gozar até se fartar.

O tempo não trai nem será traído,

vira cárie quando escorre pelas linhas da mão,

vira fardo quando se rasga feito enlouquecida meretriz,

vira adeus quando seu coração é abandonado num canto qualquer.

-----------------------------------------------------------------

Conheça o meu site www.vidaescrita.com.br

Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 16/02/2012
Reeditado em 17/02/2012
Código do texto: T3502236
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.