HAVIA UM CAMINHO

Havia um caminho

Parálio às lagrimas

De lendárias marés

- Pulsar da emoção primeira -

Curtíamos o rio de outros olhares

- E nas cavidades da alma

Surgia a visão de uma ilusão -

Esquecíamos tudo

Observávamos essa vida

Que nos atravessava

Sem sequer nos ferir

- Com a dor irmã de toda ciência e vivência -

(Pensávamos então: se fôssemos nadar

Contra-corrente sem reter

A memória que fomos

Viria decerto essa felicidade

No avesso da saudade)

E quanto sabemos agora!

Quanto erramos e aceitamos!

Quanto acertamos e amamos!

Venham esses amanhãs que nos exortam

No pressentimento dos delírios!

Sentimos assim a undívaga poesia

Que há em nosso caminho milenar:

O mesmo que nos levou

Do nada para algum lugar.