lados opostos
perdoe o silêncio
a falta de movimento nos olhos
a boca presa
perdoe os excessos
de sonhos, esperança e amor
e protelar decisões
perdoe o medo de ser ridículo
– e buscar ser austero
quase sempre
perdoe a insegurança
o pavor das palavras paixão
felicidade e não
perdoe a pobreza de gestos
os cabelos compridos
a costeleta ridícula
perdoe ser gauche,
pertencer ao lado b do long play
– e ser adversário do sucesso
perdoe por tudo mais
que eu não saiba dizer
ou não cabe neste poema pobre
(perdoe crer
perdoe querer
perdoe doer
perdoe chorar
perdoe sentir
perdoe amar
perdoe sorrir)
perdoe a mim, que aprisiona
a ti, lado oposto de mim
mesmo