lados opostos

perdoe o silêncio

a falta de movimento nos olhos

a boca presa

perdoe os excessos

de sonhos, esperança e amor

e protelar decisões

perdoe o medo de ser ridículo

– e buscar ser austero

quase sempre

perdoe a insegurança

o pavor das palavras paixão

felicidade e não

perdoe a pobreza de gestos

os cabelos compridos

a costeleta ridícula

perdoe ser gauche,

pertencer ao lado b do long play

– e ser adversário do sucesso

perdoe por tudo mais

que eu não saiba dizer

ou não cabe neste poema pobre

(perdoe crer

perdoe querer

perdoe doer

perdoe chorar

perdoe sentir

perdoe amar

perdoe sorrir)

perdoe a mim, que aprisiona

a ti, lado oposto de mim

mesmo

cristovam melo
Enviado por cristovam melo em 15/02/2012
Código do texto: T3501522