o teu macho
queria ser o teu macho
aquele que de dar prazer
e que te faz mulher em qualquer esquina
de qualquer rua
numa avenida qualquer
nos carnavais
nas santas semanas santas
nas primaveras e verões
em jejum
nas noites fúnebres
ou profanas
sagradas ou poéticas
ou de estrelas e luares
nua
sempre
despida
vestida
bem vestida
molhada
como santa ou como puta
como mulher
devassa
promíscua
vulgar
ou como prostituta
eu queria ser o teu macho
apenas por um dia
ou por séculos infintos
e te dar prazeres nas madrugadas
nos entarderceres
nas sacadas
nas escadas
nos rios, riachos e cachoeiras
te dar prazeres sem limites
na lama
no lamaçais
nos becos
sujos, limpos ou imundos
perfumados pelo lodo do tempo
e nas curvas do teu corpo
tomar vinho quente e gelado
beber com a minha sede
a água fértil do teu corpo
eriçado pelo teu cio
ousado e sacana
das conseguencias das noites de lua cheia
e te tatuar com os meus dentes
com os meu beijos
e te marcar com os prazeres múltiplos
e de hematomas de faço com os meus dedos
daí te fazer mulher
ue goza de corpo e alma
sob os meus músculos trêmulos
tensos sem senso de ridiculo
e o teu corpo inerte
saciado
pleno
sereno
divino
só meu
apenas meu
para sempre
a na teimosia
de querer-me como teu macho
para sempre
sempre
sempre
nos teus caminhos
oriundos e fecundos
nas tuas estradas nuas
onde andamos como vagabundos
de nós mesmos
cúmplices
das trapaças dos nossos corpos
e almas a viver
dos aliçerces construídos
dos sonhos
nossos de cada dia