o teu macho

queria ser o teu macho

aquele que de dar prazer

e que te faz mulher em qualquer esquina

de qualquer rua

numa avenida qualquer

nos carnavais

nas santas semanas santas

nas primaveras e verões

em jejum

nas noites fúnebres

ou profanas

sagradas ou poéticas

ou de estrelas e luares

nua

sempre

despida

vestida

bem vestida

molhada

como santa ou como puta

como mulher

devassa

promíscua

vulgar

ou como prostituta

eu queria ser o teu macho

apenas por um dia

ou por séculos infintos

e te dar prazeres nas madrugadas

nos entarderceres

nas sacadas

nas escadas

nos rios, riachos e cachoeiras

te dar prazeres sem limites

na lama

no lamaçais

nos becos

sujos, limpos ou imundos

perfumados pelo lodo do tempo

e nas curvas do teu corpo

tomar vinho quente e gelado

beber com a minha sede

a água fértil do teu corpo

eriçado pelo teu cio

ousado e sacana

das conseguencias das noites de lua cheia

e te tatuar com os meus dentes

com os meu beijos

e te marcar com os prazeres múltiplos

e de hematomas de faço com os meus dedos

daí te fazer mulher

ue goza de corpo e alma

sob os meus músculos trêmulos

tensos sem senso de ridiculo

e o teu corpo inerte

saciado

pleno

sereno

divino

só meu

apenas meu

para sempre

a na teimosia

de querer-me como teu macho

para sempre

sempre

sempre

nos teus caminhos

oriundos e fecundos

nas tuas estradas nuas

onde andamos como vagabundos

de nós mesmos

cúmplices

das trapaças dos nossos corpos

e almas a viver

dos aliçerces construídos

dos sonhos

nossos de cada dia

Raimundo Carvalho
Enviado por Raimundo Carvalho em 15/02/2012
Reeditado em 15/02/2012
Código do texto: T3501376
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