Estranha arquitetura

A pele não é mais a mesma

Nem o olhar, nem a visão...

O sorriso continua sorrindo, apesar das circunstâncias

A alegria e o bom humor resistem

O cabelo já recebe os primeiros fios brancos

É a idade avançando, invadindo

Passando pelo corpo, revelando as marcas...

Adaptando-se as medidas, reduzindo a convivência com outras vidas

Diminuindo o ritmo e os movimentos, fragmentando tudo a redor

Libertando o corpo da planta-mãe

Aproximando o tempo da partida

A arquitetura que um dia fora tão precisa de escala se altera Desaparecendo no chão da terra

Que não ressuscitarão jamais a realidade da construção humana

Restando apenas os cabelos e os ossos

Os ossos que por anos repousou e apoiou o corpo físico

Os ossos que por muito tempo foi o profundo do corpo...

“Os ossos são aqueles sobre os quais e ao redor é construída e repousa a relação com a vida”

Durante e pós a transição terrestre do homem.

Cássia Nascimento
Enviado por Cássia Nascimento em 15/02/2012
Reeditado em 16/02/2012
Código do texto: T3500924