DOEI-ME PRA TI

Sorria quando incontinente partias

me repartias de musgos

vegetava em teus musculos

que sob o meu dorso morto jazias

acrescentei terra nas flores

pedia oração aos céus

queimava incensos de mel

que levavam acesas minhas dores

refluia minhas mãos

na condensação vazia

de teus vapores nas terras do Monte Sião

gemias alto e profundamente em crepitantes estertores

eu sonegava meu gozo na catedral silente

no fundo brigava debaixo dos cobertores

foram sonambulas visagens

paisagens de horrores

lembrei de ti e depositei no vaso miragens

minhas cinzas que se espalhavam nos poros de teus parcos ardores

Jasper Carvalho
Enviado por Jasper Carvalho em 15/02/2012
Reeditado em 15/02/2012
Código do texto: T3500092
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