PELAS ÁGUAS DE FURNAS
Antonieta Lopes
Um pedaço de mim saiu boiando
Pelas águas azuis, fundas, de Furnas
À procura de alguém, num barco pando,
Pescarias pacíficas, diurnas.
Não caiu, não desceu, solto, rolando
Pelas locas de peixe, estranhas urnas,
Mas subiu, prestimoso, ouvindo o bando
De aves alegres, vozes taciturnas.
Sua magia única-pescar,
Não sei por que, de mim não herdou isto:
Jesus e os pescadores, rio e mar.
Onde estiver, receba-o o bom Cristo
Que o intuiu, pescando, a amar,
Foi pelos companheiros mui benquisto.