Tempo de abandono

Tempo de abandono

Sandra Ravanini

Tempo de abandono, o passado então passou,

legando ao sentimento o vazio da rota

dessa estrada ruída, onde a vida secou

o fluxo do sonho, aclarando a derrota.

Ergo esse véu que encobre o meu olhar que espera

abrirem-se os portais desse imenso abismo

aos amanhãs da alquebrada primavera,

que ainda ontem adornava tanto lirismo.

Estou só; a estrada acabou na lembrança

encoberta de pó, secando o véu da vida

vestida de fim, abrindo a rota da ida,

implorando um dia a mais ao abismo que avança.

Tempo de abandono; o passado é pó seco

encobrindo o véu de uma vida que passou,

aclarando o meu abismo; estou só no beco,

implorando um dia a mais ao tempo que acabou.

08/02/2012