Velho final
Começamos pelo melhor,
tudo pegava fogo.
Como em qualquer início.
Todos os verbos declinávamos
juntos.
De adjetivos presenteamos
nossos egos.
Mutuamente superlativados.
Mas os antônimos vieram.
A beleza pouco a pouco
tornou-se invisível.
O amor já não flexionávamos,
foi sumindo no pretérito.
Rasgamos todos os poemas.
Não restou sequer uma rima
pobre.
Foi assim que escrevi
seu nome,
em uma folha de caderno
velho.
Dele derivei impropérios
e algumas injúrias.
Plágio de outros
The end.
Acabaram-se as juras.
Restou-nos apenas
um papel,
já bastante puído.
No fim dessa história,
mocinho e mocinha
viraram bandidos.