Velho final

Começamos pelo melhor,

tudo pegava fogo.

Como em qualquer início.

Todos os verbos declinávamos

juntos.

De adjetivos presenteamos

nossos egos.

Mutuamente superlativados.

Mas os antônimos vieram.

A beleza pouco a pouco

tornou-se invisível.

O amor já não flexionávamos,

foi sumindo no pretérito.

Rasgamos todos os poemas.

Não restou sequer uma rima

pobre.

Foi assim que escrevi

seu nome,

em uma folha de caderno

velho.

Dele derivei impropérios

e algumas injúrias.

Plágio de outros

The end.

Acabaram-se as juras.

Restou-nos apenas

um papel,

já bastante puído.

No fim dessa história,

mocinho e mocinha

viraram bandidos.

Gilberto Ricardi
Enviado por Gilberto Ricardi em 14/02/2012
Reeditado em 17/10/2012
Código do texto: T3498198
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