O filho de dom Aquino

Filho de ervas curandeiras,

escolhido ardil

do baralho errante.

Oitavo de dom Aquino.

Seus santos

orelha-seca,

menina-mulher,

raizeiro,

benzedeira.

O cabelo rabiscado de carvão.

No rosto dois luzeiros

que procuram estrelas

prisioneiras da imensidão.

Costurado como colcha

Retalhos de outros

travestidos na pele,

um gosto de infusão.

Ouvidos que espiam

pela fresta,

De outros tempos

traçado de contra-mão.

Seus pés aprenderam

se caminha

sobre o acaso.

Mas nenhuma lágrima

ou sorriso,

Merece existir em vão.

O destino

assim é reescrito

todo dia,

por sua própria intuição.

Gilberto Ricardi
Enviado por Gilberto Ricardi em 13/02/2012
Reeditado em 16/10/2012
Código do texto: T3496548
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