Branco

Um branco de lavadeiras

já habitou a minha paz,

mestre Graça*.

Mas como tu sabes,

tudo passa.

Pois também passou

a paz que eu já tive

e hoje eu vivo,

como se vive,

quando o amor acaba;

cobra-me Yara,

um sorriso na cara.

mas a dor me impede

qualquer falsidade.

Mesmo que fosse

só por bondade.

Leio o poema de **Ana Lago,

engasgo o último trago

e suspiro por um afago.

E pensar que já fui feliz...

Misto de Mestre e de Aprendiz

e "cidadão de bem" por um triz.

O gênio das Minas, porém, obriga-me

a seguir minha Moira

a procura do meu assento,

mas o ato se encerra

sem que eu, como Moisés,

veja a Prometida Terra.

Que, então, um vazio me acomode

para o sono dos justos,

sem fantasmas ou sustos.

É chegada a noite

do meu tempo.

* da obra de Graciliano Ramos

** da poética de Ana Lago de Luz