AÇÚCAR no SANGUE
projetos e sonhos pendem dos sacos de lixo
olho acima dos morros as novas crucificações
aonde o rosto que eu vestia
quando o monstro convocou as aparências
é hora de receber o premio pela droga
o pior de tudo é escrever com açúcar no sangue
a biografia inventada pela folga
minha alma de molho no velho tanque
furibundas esperanças fantocham noites azuis
mas o que esperar quando mágicos
negociam a credibilidade aonde crianças
despertam desprovidas de céu
acelero o carro na solidão das curvas
e a estrada é um sorriso de tristeza dado
no escuro porque aonde há estrelas
a festa é a permanência do brado
mesmo assim mais cigano do que soldado
descubro a trilha perdida da fé
e o meu ser é antepassado
do homem que sonhei mas ficou na estrada sem o pé
galo pinta o pano velho e a madrugada
avermelha o som voador
da manhã, falo pelos cotovelos só se for
a fera delegada
na alegria mais sã
em todo o caso, minha poesia é uma droga
porque só canto perplexo de espanto
todo exagero é uma moda
na palavra cruzada do esperanto