Acordei assim, com sede de poesia
e uma fome medonha de palavras.
Ah! Mas essa vontade de vomitar impropérios...

Acordei prenhe de meus silêncios
a parir gritos pelos cantos da casa.
Ah! Mas essa precisão do que é escuro...

Acordei atiçado de outros voos
a vociferar olhares para o nada.
Ah! Nada de desperdiçar a força das asas...

Acordei esvaziado de amor
Leve impressão de que já amei tudo (e tanto)
Ah! Mas como teima e se renova esse tal amor,
algum amor, qualquer amor, um amor, o amor,
talvez amor, pelo menos amor, que seja amor,
todo amor somente, apenas amor...

E vim dar na praia dessa solidão
esquecido de tudo o que ainda não fiz.
Ah! Mas assim foi que eu quis, eu sei,
porque eu sei como só eu sei como se faz
para naufragar e não navegar mais...
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 12/02/2012
Reeditado em 19/05/2021
Código do texto: T3495758
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