UM OUTRO NINHO
Deponho as armas!
O trabalho foi árduo!
O jugo ainda oprime.
No alforje, nada resta.
Tudo é solidão
A sangrar saudades.
Desse porão,
Tento perder as chaves,
Mas dele se esgueiram
Todos os meus fantasmas.
Rotas, estão as vestes,
Andrajos que aqui deixarei.
A alma agora,
Exibe-se nua,
Sem peias nem amarras.
No silêncio,
Ouço o sussurrar do vento
A dizer-me baixinho:
Há, ainda, um outro ninho!
Venha comigo!
Vamos voar, subir...
Subir é o caminho!
E eu vou seguir a voz do vento!
Partir sem deixar lamentos,
Alcançar o topo do tempo,
Vestir outro corpo e voltar aqui!