Epitáfio ao mensageiro das manhãs

A poesia que havia

no canto de dois galos

deixados ao meu encargo

cessou-se

Tratei de alimentar e

saciá-los

mais um galo morreu

e não há poesia que conforte

Depois do galo morto

Não me dei pelo fato

e o odor da morte

espalhou-se pela casa

grudou em minhas narinas

O enterro sai hoje

o endereço do velório

certamente é um aterro

Não me visitem

pois estou de luto

e casa fede muito

(minhas manhãs morreram um pouco

no canto daquele galo)