MEIA FACE
Como um mistério que não vem à tona
Como um delírio que não tem censura
A emoção da sensação mais pura
A sensatez da insensatez amante
Como a serenata na praia distante
Vive uma vida que não tem maldade
Num mundo isento da realidade
Numa inocência de deixar saudade
Como uma flor que desabrocha
Como um feto quando vê a luz
Na noite estrelada é um facho que reluz
Como a penumbra da lua cobrindo alguém
Como uma janela aberta para o além
Um olhar incerto mas com certeza
Absorve a força da correnteza
Espelhando a beleza da natureza
Como o universo a convite do amor
Como um regato reluzindo esplendor
Como as cascatas que semeiam paz
Como o infinito que nos satisfaz
Montanhas erguidas
Em matas perdidas
É de uma candura infinda
E uma ternura bonita
Numa pureza bendita
Como um ponto de interrogação
Como a neve pelo frio entorpecida
Como a criança amadurecida pela vida
Como a cratera no interior de uma caverna
Com a esperança de felicidade eterna
Ri um riso manso e amigo
No seu jeito um quê de antigo
Cedendo sempre o seu abrigo
Como a gota d'água de uma tempestade
Como o sol que invade a cidade
Versos soltos no silêncio dos lábios
A calma oculta no seio dos sábios
Como um arco-íris vislumbrante
E uma estrela cintilante
Traz no peito um amor seguro
Na alma a imensidão do que procuro
Na mente a semente-gente
Sã e quente
No alento de um momento atento
Quase isento.