MEIA FACE

Como um mistério que não vem à tona

Como um delírio que não tem censura

A emoção da sensação mais pura

A sensatez da insensatez amante

Como a serenata na praia distante

Vive uma vida que não tem maldade

Num mundo isento da realidade

Numa inocência de deixar saudade

Como uma flor que desabrocha

Como um feto quando vê a luz

Na noite estrelada é um facho que reluz

Como a penumbra da lua cobrindo alguém

Como uma janela aberta para o além

Um olhar incerto mas com certeza

Absorve a força da correnteza

Espelhando a beleza da natureza

Como o universo a convite do amor

Como um regato reluzindo esplendor

Como as cascatas que semeiam paz

Como o infinito que nos satisfaz

Montanhas erguidas

Em matas perdidas

É de uma candura infinda

E uma ternura bonita

Numa pureza bendita

Como um ponto de interrogação

Como a neve pelo frio entorpecida

Como a criança amadurecida pela vida

Como a cratera no interior de uma caverna

Com a esperança de felicidade eterna

Ri um riso manso e amigo

No seu jeito um quê de antigo

Cedendo sempre o seu abrigo

Como a gota d'água de uma tempestade

Como o sol que invade a cidade

Versos soltos no silêncio dos lábios

A calma oculta no seio dos sábios

Como um arco-íris vislumbrante

E uma estrela cintilante

Traz no peito um amor seguro

Na alma a imensidão do que procuro

Na mente a semente-gente

Sã e quente

No alento de um momento atento

Quase isento.

Linda Morais
Enviado por Linda Morais em 11/02/2012
Código do texto: T3492439